A carreira tradicional corporativa pode, sim, estar com os dias contados para a maioria (mas nem todos) profissionais mais veteranos, isto é, aqueles perto dos 60 anos. Mas isso não significa que o mercado feche as portas e, nesse ponto, os dez especialistas consultados concordam. Há empresas e setores da economia mais abertos - e que precisam destes profissionais dada a falta de pessoas experientes - e há modalidades de contrato de trabalho que ganham força. Veja o que alguns executivos dizem sobre o assunto.
1- Bernardo Entschev, presidente da De Bernt Entschev .
“Não é que a carreira acaba, mas há condições que induzem esta situação”, diz o presidente da consultoria De Bernt Entschev, Bernardo Entschev.
Ele cita fatores que desestimulam as contratações dos profissionais na faixa dos 60 anos. “Há o preconceito e as empresas ainda questionam se o executivo vai aguentar fazer o seu ciclo de crescimento projetado em sete ou dez anos”, diz ele ressaltando que não gostaria que fosse assim. “Mas ainda é comum, embora seja uma prática que vem diminuindo”, diz.
Ele diz que, se as empresas ainda têm dificuldade em reconhecer a importância de manter executivos veteranos em seus quadros de funcionários, mercados de consultoria e o empreendedorismo se mostram mais abertos.
Com a consciência desse cenário, a chave para não enfrentar problemas aos 60 anos é a preparação. “A grande maioria não se prepara, mas deve pensar lá frente em ter uma segunda carreira, em posição de consultor, ou de gestão estratégica ou de gestão interina”, recomenda.
2- Carlos Felicíssimo Ferreira, diretor-executivo da 4hunter
“Existe espaço para todos”, diz Carlos Felicíssimo Ferreira. No entanto, é preciso flexibilidade tanto por parte das empresas quanto por parte dos profissionais, segundo ele.
“Há uma parcela do mercado que diz não aos profissionais mais velhos. Mas quando questionados a respeito da razão, não sabem responder”, diz o diretor da 4hunter.
Ele lembra que deixar de contratar um profissional mais velho, perpetuando esta prática é arriscado. “Ao não contratar os mais velhos, essas pessoas estão matando a empregabilidade delas lá na frente também”, diz.
O especialista ressalta a necessidade de mão de obra. “Tem muita gente empreendendo, tanto jovens quanto pessoal mais sênior, tem muita gente indo estudar e tem pessoas entrando mais tarde no mercado, então temos necessidade de pessoas para preencherem cargos de nichos específicos”, diz ele, que acredita que o mercado vá se ajustar às mudanças, com o tempo.
Do lado dos profissionais, ele explica que a dificuldade em encontrar emprego a partir de certa idade se dá, em maior escala, para aqueles que construíram a carreira baseados numa lógica antiga. “As pessoas entravam em uma empresa pensando em se aposentar lá, não faziam rede de contatos”, diz.
3- André Freire, presidente da Odgers Berndtson
“Acho que a carreira não acaba. a conjuntura é positiva para a contratação destes profissionais”, diz André Freire, presidente da Odgers Bernstson. Ele cita o envelhecimento da população, aumento da expectativa de vida e a falta de profissionais qualificados no mercado para justificar a sua resposta.
Apesar se não acabar, a carreira do veterano enfrenta barreiras. “O preconceito atrapalha. Há problemas de custos, porque mesmo para carreiras mais técnicas são profissionais mais caros”, diz.
As empresas questionam se vale a pena contratar profissionais mais velhos já que eles têm projetos de longo prazo, ressalta o presidente da Odgers Berndtson.
Mas, mesmo com todos estes obstáculos eles enxerga abertura no mercado. “Temos visto oportunidades para trabalhar como mentores dessa nova geração”, diz. Profissionais mais velhos e com background consultivo se destacam neste cenário. “Há ainda oportunidades para trabalhar por projetos”, destaca o especialista.
Além disso, alguns mercados, como o de petróleo e gás e de mineração, são exemplos de setores que têm mais demanda pelos veteranos, diz Freire. “Mas os profissionais precisarão se adaptar a novas modalidades de trabalho, por projetos ou consultoria”, diz.
Fonte: Exame



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